Isolamento

Isolamento

Se para os adultos já está sendo difícil lidar com o isolamento social decorrente da pandemia que estamos enfrentando, como ficam as crianças? Este período restritivo pode alterar o seu comportamento?

Segundo David Sergio Hornblas, do curso de Psicologia do Centro Universitário Braz Cubas, o isolamento social, o ensino em novo formato para o qual não estão habituadas, o excesso de interação com mídias eletrônicas e jogos e a convivência familiar muito intensa, por vezes de forma inadequada, podem alterar o seu comportamento, com maior ou menor grau de dano em função da idade de cada criança.

O isolamento pode comprometer o desenvolvimento global, o que inclui a falta de convivência promovida em colégios. “A escola é o primeiro espaço social que a criança frequenta sem a tutela dos pais. E isto está adiado. Sobre os prejuízos, a análise é apenas teórica, pois a maioria das pessoas jamais viveu situação semelhante. Mas acredito que em diferentes graus pode, sim, prejudicar”, coloca.

Pais devem ficar atentos aos sinais de estresse

Outro ponto que merece atenção é a ansiedade e a preocupação causadas na criança por tudo o que ela tem vivenciado. De acordo com o professor isto não é uma regra mas, quando acontece, é necessário que os pais as acolham e escutem.

“Muitos pais não veem grande importância na fala da criança quando ela começa a apresentar sintomas como inquietação, ansiedade e medos inexplicáveis, entre outros. Neste caso, o dano está produzido e devem ser tomadas providências no âmbito da saúde. Sozinhos, eles não conseguem dar conta de crianças irritadiças, inquietas, desatentas ou desorganizadas sócio-psicologicamente falando”, orienta Hornblas.

Como os pais podem amenizar estes impactos

Para o professor, o principal desafio dos pais é considerar as crianças como pessoas em desenvolvimento, não como adultos em miniatura. Para isto, é preciso de escuta cuidadosa e afetiva. “Uma escuta inicial pode evitar grandes problemas psicológicos futuros”, diz Hornblas, que explica que a criança precisa se sentir segura, bem cuidada e respeitada nas primeiras relações que edifica no começo de suas vidas.

“Estas relações são com os pais ou responsáveis. E será a partir delas que ela (a criança) vai criar padrões relacionais para o resto da vida. (quem aprende apanhando, por exemplo, terá grandes chances de ensinar batendo), ressalta.

A saudade de um ente querido, da professora e dos amiguinhos da escola também precisa ser trabalhada. “A presença física certamente faz falta, mas é possível minimizar a demanda com frequentes contatos telefônicos, vídeo-chamadas e outros mecanismos; mostrando para a criança que, embora distantes fisicamente, estão próximos afetivamente”, recomenda.

Restringir o uso de tecnologia

Mas o uso da tecnologia deve ser feito com moderação, mesmo se o intuito for ficar próximo das pessoas com quem se sente falta. Deve haver uma medida equilibrada e negociada com os pais ou responsáveis sobre o tempo de uso dos recursos eletrônicos. Para as crianças menores de quatro anos, por volta de uma hora diária. De quatro anos até a idade escolar (seis), duas horas, abrangendo a TV. Acima destas faixas etárias é necessário avaliar o momento do desenvolvimento global. “Mas, de forma geral, posso dizer que tais atividades não devem passar de quatro horas por dia, incluindo o tempo de aulas on-line”, encerra o professor.

Aprendi a ser jornalista na marra.

Sou formado em Direito mas, desde que me conheço por gente, curto comunicação. E a curtida é latu sensu: jornal, rádio, TV, revistas e, mais recentemente, redes sociais.

Com base nestes mais de 20 anos de prática e passagens por vários veículos, o que um dia foi um blog, virou site: o “GO” tem a incumbência de trazer informação variada, dicas, falar sobre cultura e cobrir o social do pedaço.

Hope you enjoy.

6 de julho de 2020

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